sexta-feira, 30 de agosto de 2013

O time mais vencedor dos Fiscais envelhece e pode ficar fora das finais do torneio da Afresp

Juliana Vaz

Alguns fiscais de renda da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo se reúnem uma vez por semana para jogar uma pelada em Guarulhos. A equipe, formada por mais de 20 jogadores, divididos entre as três Delegacias Regionais Tributárias da capital, é a maior vencedora do campeonato da Associação dos Fiscais (Afresp). Mas, este ano, ficou em penúltimo lugar na primeira fase e nos playoffs vai pegar o segundo melhor colocado para tentar chegar à semifinal. O motivo? Os jogadores envelheceram, alguns se aposentaram e muitos sofrem com lesões pela idade avançada.

Time de fiscais durante uma partida do
 campeonato da Afresp este ano
O torneio dos fiscais é bianual e permite que no máximo cinco atletas abaixo dos 40 anos estejam em campo durante as partidas. Acontece que o time da capital tem apenas quatro pessoas abaixo dessa faixa etária no elenco todo, sendo que o mais velho já passou dos 60. “Boa parte do time entrou na Fazenda em 1986 e, de lá para cá, tiveram poucos concursos. Nos últimos dez anos, por exemplo, entraram apenas três turmas, e agora os que ficaram envelheceram”, explica Cássio de Sant´Anna, de 44 anos, um dos jogadores mais importantes da equipe. Enquanto isso, algumas equipes têm até mais de cinco pessoas com a média de 30 anos, que se revezam durante as partidas.

Atualmente, o time da capital reúne profissionais de três Delegacias, a DRT C1, que fiscaliza centro e zona leste, a DRT C2, que cobre a zona norte e noroeste e a DRT C3, que fica com sul e oeste. Eles foram campeões da Afresp em 2005, 2007, vices em 2009 e perderam nas semifinais em 2011, mas este ano ainda não ganharam nenhuma partida (foram dois empates e três derrotas). Entre os motivos estão às ausências em treinamentos, a falta de agilidade decorrente da idade avançada e os desfalques por lesões, como Cássio que se machucou dez dias antes de estrear no torneio e atuou apenas nos dois primeiros jogos no sacrifício.

Mudança de comando


Cássio recebendo o troféu do campeonato
de 
society em 2008
Após a fraca campanha na primeira fase do torneio da Afresp deste ano, o técnico Renato Rodrigues, que também trabalha com as categorias de base do Corinthians, deixou o cargo. Quem reassumiu foi o Ricardo Teixeira, que controla a lanchonete do campo de treinamento e também é "massagista, médico, torcedor e técnico", explica Cássio.

Projeto para 2014

Este ano cerca de 300 fiscais entraram na Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo por meio do concurso público, mas ainda aguardam para tomar posse do cargo. E o time da Capital já está pensando em contar com os novos funcionários para reforçar o elenco. "Apesar dos resultados negativos este ano, já pensamos em 2014, porque nossa equipe sempre foi muito forte. Ganhamos todos os campeonatos nos últimos anos, somos odiados, e agora aguardamos jogadores mais novos para voltarmos a vencer", comenta o meia do time.

"Velhos" diminuem torneio

A idade avançada dos fiscais de várzea também resultou na diminuição de times no campeonato da Associação. Em 2003 havia 13 equipes e este ano foram inscritos apenas seis. Ao todo, o Estado de São Paulo tem 15 Delegacias no interior e três na Capital, que nos últimos anos se uniram para formar uma única equipe.


Time de fiscais da Capital este ano


Time de fiscais da Capital em 2000

Centro de treinamentos

O time de fiscais de renda da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo se reúne toda quinta-feira, das 21h às 23h, no Centro de Convivência Afresp, localizando em Guarulhos. O local, adquirido a pouco mais dez anos, possui dois campos de futebol, quatro quadras cobertas de tênis, piscina, campinho de areia e restaurantes. Para manter a estrutura, os fiscais pagam uma taxa de R$70,0 por mês para a Associação.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

De Bananas a Bagaça

Ana Claudia Cichon

A.E. Bagaceira, fundado em 1998, é mais um clube da várzea paulistana com um nome curioso. Para alguns pode lembrar um time bagunçado, desordenado. Para outros – aqueles mais chegados a uma passadinha no bar –, a bebida, uma aguardente de vinho.

A inspiração inicial dos jogadores foi a primeira, mas hoje todos concordam que a segunda se encaixa melhor. “Começou com um dos fundadores, o Raphael. Antes de disputarmos a Copa Lapa de Futebol, nossa primeira competição de verdade, alguém falou ‘vamos botar logo um nome nessa bagaça’. Então o Raphael respondeu: ‘Bagaceira’. E acabou ficando. Mas na hora ninguém ligou ao fato de que Bagaceira é uma cachaça. Queríamos dizer que o time era uma bagunça, uma bagaça”, explica Luiz Gustavo Gatti Lima, presidente do clube.

Elenco de 2008,  divulgando o slogan da equipe
Foto: Arquivo Bagaceiras
Hoje, no entanto, todos concordam que o nome combina muito bem. “99% do time bebe, e bem! Uma das tradições do time é sempre ir para um bar beber e celebrar a amizade depois dos jogos. Tanto que dizemos que futebol jogamos um pouco, mas beber, bebemos bem”, conta Luiz. E esse gosto gerou até o slogan do time. “Pode ser pura ou com limão, o Bagaceira é a minha paixão”.  


A sigla do time, A.E. Bagaceira FSC, sempre foi a mesma, mas já teve significados diferentes. De 2002 a 2006 era Alcoólicos Esportistas Bagaceira Futebol, Sexo e Cerveja. “Depois mudamos, porque começamos a jogar mais campeonatos, além de formar times de futsal feminino, e não pegaria bem”, relata Luiz. Hoje o nome oficial é Associação Esportiva Bagaceira Futebol de Salão e Campo.

Mas o time foi fundado em 1998, e Bagaceiras só surgiu em 2002. O nome antes disso?

Bananas de Pijamas F.C. “Éramos muito novos (média de 12 a 15 anos), quando começamos a jogar no campo do Clube Pelezão, na Lapa, e atuávamos com uma camisa que trazia as cores azul e branco, em listras verticais, igual aqueles personagens de TV. Mas quando começamos a competir já éramos muito novos, tanto como time quanto como jogadores, e aí rebatizamos de Bagaceira”, relembra Luiz.


Se você tem ou conhece algum time da várzea com um nome engraçado ou interessante faça como o Luiz. Conta para a gente!

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Oitavas de final com 12 times? Só na Copa Kaiser

Na várzea, oitavas de final não é mata-mata. Pelo menos é assim na competição mais famosa do país, a Copa Kaiser. Restam apenas 12 equipes na disputa e elas foram divididas em 3 grupos.

No grupo 1 estão: Inajar de Souza (Jd. Cachoeirinha), Coroado (Guaianases), Danúbio (Freguesia do Ó) e Bafômetro (Heliópolis).

No grupo 2 estão: Pioneer (Vila Guacuri), 1° de maio FC (Tatuapé), Nápoli EC (Vila Industrial) e Família 100 Valor (Jd. Panamericano).

No grupo 3 estão: Madrid FC – Mooca, Leões da Geolândia - V. Medeiros, EC Jardim São Carlos  (Jd. São Carlos) e Vila Izabel (Vila Izabel).

A primeira rodada dos grupos acontecerá nesse domingo. Os dois primeiros de cada grupo passam para as quartas de final, além dos outros dois melhores terceiros colocados por índice técnico.

Destaques


Napoli (esquerda) e Pioner (direita) são os destaques Copa Kaiser 2013
Fotos: UOL Esporte


Até chegarmos na fase de oitavas de final, tivemos dois grandes destaques na competição. O Nápoli, da Vila Industrial, faz um excelente campeonato. O time fez 35 pontos em 15 jogos, venceu 11 partidas, empatou 2 e perdeu 2. O time azul da Zona Leste tem a melhor defesa dos classificados com apenas 6 gols tomados.

O Pioneer é uma outra equipe que vem fazendo uma ótima competição. Desde a primeira fase o time da Vila Guacuri tem o melhor ataque da competição. São 33 gols em 15 jogos e uma média de 2,2 gols por partida. Entre os classificados para as oitavas, o Pionner é o único time que não perdeu nenhum jogo. São 9 vitórias e 6 empates.

Confira os primeiros jogos das oitavas de final que acontecerão nesse sábado.


Oitavas de final – Grupo 1
HORA
JOGO
ESTÁDIO
CIDADE
13h00
Inajar de Souza - Jd. Cachoeirinha
x
Coroado - Guaianases
Cecília Meireles/Magnólia
São Paulo
13h00
Danúbio - Freguesia do Ó
x
Bafômetro - Heliópolis
Jaguaré Unido / Caju
São Paulo

Oitavas de final – Grupo 2
HORA
JOGO
ESTÁDIO
CIDADE
01/09/2013
13h00
Pioneer - Vila Guacuri
x
Nápoli EC - Vila Industrial
Arena Kaiser
São Paulo
13h00
1° de maio FC - Tatuapé
x
Família 100 Valor - Jd. Panamericano
Campo de CDM Agostinho Vieira
São Paulo

Oitavas de final – Grupo 3
HORA
JOGO
ESTÁDIO
CIDADE
01/09/2013
11h30
Madrid FC - Mooca
x
Leões da Geolândia - V. Medeiros
Arena Kaiser
São Paulo
13h00
EC Jardim São Carlos - Jd. São Carlos
x
Vila Izabel
CDM Flor da Mocidade do Burgo Paulista
São Paulo

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

3ª edição da Copa Imprensa reúne 500 profissionais em disputa de futebol amador

Juliana Vaz

Começa nesta segunda-feira (26.08) a 3ª edição da Copa Imprensa Aceesp Nike de Futebol Society, que reúne quase 500 profissionais, entre jornalistas, radialistas, comentaristas e ex-atletas profissionais.

O campeonato não vai rolar no terrão e sim na grama sintética da WS Arena Barra Funda, zona oeste de São Paulo, mas muitos jogadores vão usar a habilidade que adquiriram na várzea, em times como o E.C. Velho Barreiro, Tateno, Um Toque Só e Flamengo do Pari.

Ao todo são 32 equipes de imprensa, divididas em oito grupos, que se enfrentam entre si. Os primeiros e segundos colocados de cada chave passam para a fase oitavas de final, disputada por mata-mata. Cada time tem que ter no mínimo oito e no máximo 16 atletas, sendo que dois precisam ter 40 anos ou mais.

As equipes podem ter dois convidados que não façam parte do veículo representado, mas precisam ser credenciados da Aceesp. Além disso, é permitido inscrever até dois jogadores ex-profissionais, mas somente um pode estar em campo por vez, como é o caso de Denílson, ex-São Paulo, Bétis e Palmeiras, que vai defender a TV Bandeirantes.

Novidades
A Nike é patrocinadora oficial  da competição
e fornece os uniformes para os jornalistas

  • Em 2013 a competição aumentou. Ano passado a Copa envolveu 28 times, neste ano terá 32 equipes. 
  • O IG, bicampeão da Copa Imprensa, não vai disputar a 3ª edição do torneio, mas alguns profissionais foram colocados em outros times como convidados.
  • Roberto Rivelino deve ser o treinador do time da TV Cultura, onde trabalha como comentarista do Cartão Verde.




Equipe do IG, campeã da Copa Imprensa em 2011 e 2012

Oito confrontos abrem a 3ª edição da Copa Imprensa Aceesp Nike de Futebol Society nesta segunda, confira:

22h30

TV Globo x TV Bandeirantes (campo 1)
Rede Contínua-Aceesp x Joven Pan (campo 2)
Acesan x Terra (campo 3)
Assessoria x Estadão (campo 4)

23h30

TV Record x Folha (campo 1)
Record News x Gazeta Esportiva Net (campo 2)
Rádio Globo-CBN x SporTV (campo 3)
TV Cultura x Canais ESPN (campo 4)


domingo, 25 de agosto de 2013

Liga Chuteira de Ouro possui trabalho de um repórter para cada partida

Luiz Felipe Chaguri
Chuteira de Ouro teve 15 edições
Foto: Divulgação

O Chuteira de Ouro é um campeonato que está virando tradição no Playball da Pompéia. O campeonato que começou apenas como “Chuteira de Ouro”, já ganhou as divisões “Prata”, “Bronze” e “aço”.

Inicialmente a liga “Chuteira de Ouro” foi criada para organizar competições esportivas (especialmente futebol society) em São Paulo para amigos e times que queriam jogar futebol com estrutura, competitividade e desafio de um campeonato. Assim, com essa filosofia, a liga foi criada em 2006.

O torneio Chuteira de Ouro foi o principal chamariz, em que amigos formaram times e se associaram à Liga para poder disputar a competição. Em 2006, foi realizado o primeiro torneio, com 5 equipes. Em 2013, com o sucesso estrondoso, a Liga conta com mais de 78 equipes associados e com 4 divisões criadas - Ouro, Prata, Bronze e Aço. Geralmente são 2 torneios por ano, um por semestre e mais alguns festivais que acontecem no início e no fim da temporada. 

A diferença da Liga Chuteira de Ouro para as demais pode ser considerada a estrutura. Os campeonatos possuem registros em site, com diversas informações, com matérias jornalísticas (normalmente um repórter para cada partida), vídeos, gols, além de notícias diárias ligadas ao torneio e às equipes que fazem parte do Chuteira. Filmes em DVD dos torneios também são feitos. 

Cada divisão possui dois grupos. Nas divisões ouro, prata e bronze são 20 times e na divisão aço são 18. O sistema é de pontos corridos com mata-mata para os melhores times. Para os dois piores de cada grupo resta apenas a lamentação do rebaixamento

sábado, 24 de agosto de 2013

Filho do Lombardi se divide entre o jornalismo e o comando de times de várzea

Juliana Vaz

Aquele papo de que jornalista precisa vivenciar as situações que retrata é muito interessante. Na prática, porém, isso é bem complicado. Nem sempre a imprensa tem tempo para acompanhar de perto um fato ou uma realidade que quer mostrar. No caso de Luiz Fernando Lombardi isso foi possível. Ele é jornalista esportivo e técnico de várzea e já dirigiu um time de futebol profissional. “Eu dormia só duas horas por dia. Foi uma experiência pequena, mais maravilhosa”.

Lombardi dando entrevista como técnico do Palestra
Lombardi, filho do ex-locutor de Sílvio Santos, sempre foi apaixonado por futebol. Em 1997, montou um time de society. O Oriom foi formado por amigos, alguns ex-jogadores, em Santo André, e ganhou vários campeonatos como o Estadual Amador de Futebol Society. Com o sucesso a frente da equipe do ABC, Lombardi foi chamado para dirigir times de várzea. Passou pelo Guaraciaba e Metalúrgicos e pegou tanto gosto pelo trabalho que decidiu se aprimorar fazendo um curso de treinador na Federação Paulista de Futebol.

Como forma de estágio, usou a amizade do pai com o diretor de futebol do Palmeiras, na época Sebastião Lapola, e acompanhou o técnico Luiz Felipe Scolari em alguns treinamentos do time. O nome de Lombardi foi ganhando cada vez mais força no terrões e ele chegou a dirigir o Ajax da Vila Rica, atual campeão da Copa Kaiser, por quatro anos. Até que em 2011, depois de recusar três convites, acabou assumindo o Palestra, de São Bernardo, time profissional que atualmente está na quarta divisão do futebol paulista.
Fiquei lá durante uns cinco meses, mas não deu para conciliar a vida de jornalista com a de treinador. (Lombardi era comentarista esportivo de rádio e televisão). Eu dormia só duas horas por dia. Foi uma experiência pequena, mais maravilhosa. Só o fato de eu ter ido para o profissional como treinador por meio da várzea para mim já é uma grande satisfação”, conta Lombardi.
Lombardi comandando um treino do Palestra

Luiz Fernando Lombardi em 2013

Lombardi ingressou no jornalismo esportivo em 2001. Passou pela rádio Gazeta e atualmente é coordenador esportivo da Rádio Capital e comentarista do programa Lente Esportiva, no canal NET Cidades do ABC. Além disso, dirige o time de várzea Napoli, da Vila Industrial, que está disputando a Copa Kaiser e fez a melhor campanha da primeira fase deste ano.


Confira alguns trechos da entrevista:

Antes de ser jornalista e treinador da várzea você pensou em ser jogador?

Joguei nas categorias de base do Santo André até os 14 anos, mas no futebol não ia dar certo, porque era só canelada

Pensou em trocar a profissão de jornalista pela de treinador?

Não podia largar uma coisa consolidada da minha vida por algo que eu estava tentando iniciar profissionalmente. Se eu tivesse talvez 18 ou 20 anos eu arriscaria tudo. Mas agora tenho família e sou muito feliz na minha profissão. Eu conciliei até onde eu pude, depois eu tive que optar por ficar no futebol só como lazer, como técnico de várzea

Como percebeu que não poderia conciliar as duas coisas?

Quando eu estava no Palestra tínhamos um jogo contra a Portuguesa Santista no Eurico Mursa, em Santos, às 15 horas, e eu tinha um jogo para comentar na rádio Capital (que fica em São Paulo) às 18 horas. E geralmente o treinador vai e volta com o time no ônibus, mas acabei indo com meu carro atrás. Sai cinco minutos antes de acabar o jogo e quando estava saindo do estacionamento ouvi o apito do juiz. Ai desci a Serra que nem um louco e fiz o jogo com a roupa do time na rádio. Ali percebi que não ia dar certo

Atualmente como divide o tempo para conciliar o futebol de várzea com o jornalismo?

É uma loucura. De telefone gasto quase R$2.000,00 de conta por mês, porque treino às vezes por telefone. Não consigo treiná-los toda semana, mas o pessoal da comunidade me ajuda muito a organizar as coisas


quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Onde fica a várzea de SP?

Ana Claudia Cichon

São Paulo. A cidade mais populosa do Brasildo continente americano e de todo o hemisfério sul, e a cidade brasileira mais influente no cenário global – a 14ª mais globalizada do planeta. Pessoas, prédios, carros e avenidas. E times de várzea. Muitos. Só na Copa Kaiser são mais de 1000, entre séries A, B e torneio classificatório. Mas e onde tem espaço para todos estes clubes jogarem?

Segundo levantamento do UOL, sim. São mais de 500 campos espalhados pela cidade de São Paulo, em todas as regiões. Ainda não é suficiente para o número de clubes existentes, mas já representa muito. E nesta conta estão apenas os campos públicos, como Clubes de Comunidade (CDCs), Clubes Escolas e parques. Há ainda vários espaços privados, geridos pelos clubes, e praças esportivas em terrenos do governo do estado.

O que é perceptível, no entanto, é que nas áreas mais nobres da cidade os campos já não estão tão presentes. Entre as regiões com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) superior a 0.9, apenas duas tem mais de dez campos públicos: Lapa e Mooca.

Nas áreas mais periféricas o cenário já é diferente, até porque os espaços não servem apenas para a prática do futebol varzeano. As áreas tornam-se da comunidade, e lá ocorrem festas, encontros e atividades em geral, como a Casa Mafalda, um centro cultural de responsabilidade do Autônomos F.C.

A Zona Leste da capital paulista é a área com mais campos públicos. São 122, representando 31% do total da cidade. Em segundo lugar vem a Zona Sul, com 93 campos. A soma das duas representa 72% de todos os campos da cidade de São Paulo. A explicação? “São as zonas mais populosas e mais pobres. Nas zonas Norte e Oeste havia muitos clubes antigos, mas as áreas foram desapropriadas para construções de edifícios e avenidas”, explica o geógrafo Danilo Cajazeira, autor de "Geografia(s) do Futebol Contemporâneo em São Paulo: Espaços do Jogar e do Torcer na Metrópole".

Terrão perde espaço para os edifícios, mas ainda sobrevive em periferias
Foto: Folha de S. Paulo

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Nomes excêntricos, engraçados, divertidos e inovadores. Na várzea tem um pouco de tudo

Ana Claudia Cichon

Real Madri, Ajax, Benfica.
Vasco da Gama, Flamengo, Botafogo.

Campeonato europeu? Campeonato carioca? Nada disso. Estes são os clubes que disputam os torneios de várzea de SP, como a Copa Kaiser e os Jogos da Cidade, por exemplo. E a lista não para por aí. Ao abrir a página dos times participantes você encontra mais nomes "famosos", como Boca Junior (assim mesmo, sem o 's', bem com o Madri lá de cima não tem o 'd'), nomes de outros times profissionais, como Corinthians, Portuguesa, Ponte Preta, Guarani e até Paraná Clube.

Boca Junior de Pirituba, um dos famosos da várzea
Foto: UOL

Enquanto alguns copiam - ou se inspiram - nos clubes profissionais para nomearem seus times da várzea, existem aqueles que gostam de inovar. O que dizer do 100 Maldade e do 100 Juízo? São nomes divertidos, que surgem de brincadeiras entre os jogadores, torcedores ou dirigentes, e acabam pegando. E depois que cai na boca do povo não dá mais para trocar. Foi batizado.

Como a Turma do Baffô, vice campeão da Copa Kaiser em 2011 e 2012. O nome, segundo Ailson Souza, técnico e preparador físico do time, surgiu de uma brincadeira entre os jovens que resolveram fundar o clube. "Baffô vem de tirar uma onda, tirar um barato, e isso acabou ficando".

Tem também aqueles menos criativos, que acabam homenageando o bairro onde o clube foi criado: Jardim, Parques, Vilas...

A lista é imensa, e cada um tem uma história diferente, como a da gíria inventada que acabou nomeando a Turma do Baffô e a vontade de amedrontar os adversários já no nome, como no caso do Galácticos.

Se você conhecer algum clube com nome inusitado ou souber de alguma história interessante de como foi dado o nome de algum time, deixa um comentário.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

A dura vida de um árbitro da várzea: "Colocaram uma arma nas minhas costas dentro do campo"

Juliana Vaz

Ubiratan Silva Alves é Mestre em Educação, Doutor em Educação Física e Pesquisador da Unicamp. Mas antes mesmo de conquistar o primeiro diploma na USP, ele fez um curso de arbitragem pela Federação Paulista de Futebol.

No final da década de 1980, com 22 anos, Bira apitou diversas partidas na várzea, como parte do estágio para a conclusão do curso complementar.

Nas andanças por terrões de São Paulo, ele guardou algumas histórias curiosas, como você vai ouvir abaixo, na própria voz do personagem.

Armado do Real Parque

Bira foi bandeira de um jogo em um campeonato amador no bairro Real Parque, zona oeste de São Paulo. A disputa era por mata-mata, então algum time seria eliminado naquele dia.

“Eu senti alguém cutucando minhas costas e quando eu olhei o indivíduo me mostrou uma arma e me disse que se o time dele não ganhasse ninguém iria sair de lá”.

Será que alguém se machucou nessa história ou o time do chantageador saiu vitorioso?
Ouça Ubiratan contando em detalhes o que aconteceu.




Protegido na penitenciária

Em outro estágio, Bira foi apitar algumas partidas na Penitenciária do Estado de São Paulo, que ficava atrás do Carandiru. Ele confessa que ficou com receio ao entrar no local, mas logo percebeu que estaria bem seguro e que tudo era muito organizado.

“Fui recebido pelo "Uruguaio", que era o presidente da Federação Presidiária de Futebol, e ele me mostrou como fazia as transferências. Cada jogador tinha um preço pré-estipulado por maços de cigarro, como se fosse um passe e isso logo me chamou a atenção".

Quer saber como foram os jogos e porque os detentos respeitaram o Bira?
Então ouça a história abaixo.




Depois de tanto "sufoco" apitando na várzea,
 Bira conseguiu o diploma de árbitro na Federação Paulista de Futebol
Foto: Diário Popular 1989



Bira na época em que cursava Educação Física e Arbitragem (1989) e atualmente (2013)

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

1º de Maio e Coroado são os primeiros classificados para as oitavas da Copa Kaiser

Luiz Felipe Chaguri
O 1º de Maio, do Tatuapé e o Coroado, de Guaianases são os primeiros times classificados para as oitavas de final da Copa Kaiser 2013. As duas equipes venceram nesse domingo (18) e mostraram que são ótimas surpresas dessa temporada.
Coroado foi a primeira equipe a se classificar para as oitavas
Foto: Renato Cordeiro
O Coroado ficou conhecido por eliminar o atual campeão da competição, o Ajax FC. Agora o time da Zona Leste acabou dificultando a vida de outro semifinalista de 2012. Desta vez quem sofreu foi o Noroeste, da Vila Formosa, 3 a 2 para o Coroado. No grupo L-47, o Coroado é líder com 6 pontos.
Na segunda colocação do L-47 com 3 pontos está o São Carlos, que venceu o Napoli por 2 a 1. A vitória quebrou um série invicta de 12 jogos da equipe do Jardim Industrial. Noroeste e Napoli dividem a terceira colocação do grupo com apenas 1 ponto.

No grupo L-46, o líder 1º de Maio venceu o SDX, da Cidade Tiradentes pelo placar mínimo.  Com a vitória, a equipe do Tatuapé chegou a 6 pontos. O SDX é o terceiro colocado do grupo com 1 ponto. No segundo lugar está o Madrid. A equipe da Mooca venceu o MEC- Maranhão, da Cidade Tiradentes por 2 a 1. Com o resultado, o MEC foi eliminado. O Madrid precisa de apenas um empate na próxima rodada para assegurar a vaga nas oitavas de final, assim como o 1º de Maio e o Coroado já conquistaram a classificação.

domingo, 18 de agosto de 2013

Em Curitiba tem várzea sim, senhor

Ana Claudia Cichon

E um dos melhores campeonatos do país, inclusive. Palavras de Cuca, técnico campeão da Taça Libertadores da América pelo Atlético-MG em 2013. E ele tem propriedade: seu início no futebol foi em terras paranaenses, jogando e treinando clubes amadores. E a ligação ainda é forte. Durante uma coletiva após a partida contra o Newell's Old Boys, pela semifinal da Libertadores, Cuca comparou Guilherme, autor do gol decisivo, com Adriano Gabiru, que foi fundamental para o Internacional na conquista do Mundial de 2006, e destacou que o jogador hoje atua no Combate Barreirinha, time amador de Curitiba. 

O campeonato organizado pela Federação Paranaense de Futebol, popularmente conhecido como Suburbana, é um grande refúgio para estes ex-jogadores. No ano passado Alex Mineiro, campeão brasileiro pelo Atlético-PR em 2001, foi o grande destaque da competição atuando pelo Bairro Alto, que chegou ao vice campeonato. Junto com ele ainda estavam outros dois ex-jogadores do Furacão, os zagueiros Nem e Rogério Correa. 

Mas a lista não para por aí. Entre os doze clubes que disputam a série A do campeonato amador são muitos os jogadores que já rodaram pelo futebol profissional e recorrem à várzea para continuarem batendo uma bolinha nos fins de semana. 

Para você conferir e conhecer um pouco melhor o futebol amador de Curitiba o Chuteiras no Terrão traz o trailer do documentário "Amadores", de Eduardo Baggio, e também o radiodocumentário "Raça e coração nos campos de várzea: a visão dos personagens do futebol amador de Curitiba", de Ana Claudia Cichon e Helen Anacleto. 







sábado, 17 de agosto de 2013

I Copa Parque Orlando Villas Boas começa neste domingo e reúne 16 equipes da várzea

Juliana Vaz

Neste domingo (18.08) começa a primeira Copa Parque Orlando Villas Boas, com a participação de 16 times de várzea da Lapa, bairro da zona oeste de São Paulo. O torneio é organizado pela Liga Lapa de Futebol Amador e tem previsão de duração de dois meses.

As equipes, divididas em quatro grupos, se enfrentam entre si e as duas primeiras colocadas se classificam para as quartas de final. A decisão dos semifinalistas e finalistas é realizada em jogo único e em caso de empate a disputa vai para os pênaltis. Ao todo serão realizados 32 jogos sempre aos finais de semana.

Chaves da competição

GRUPO A
Botafogo Vila Leopoldina
A.E. Vila Hamburguesa
Leopoldina F.C.
Belo Gole

GRUPO B
Valencia EFB
Nacional F.C.
Barcelona Quitauna
S.C. Humaita

GRUPO C
Acomex
Pantera F.C.
Maravilhas 1000
A.E. Bagaceira

GRUPO D
Leões da Lapa
Abrece
Águia de Ouro
Real Butantã

Um dos grandes favoritos ao título da I Copa Parque Orlando Villas Boas é o Botafogo da Vila Leopoldina, que completa 60 anos de fundação em 2014. Outro time que tem grande chance de chegar às fases finais é o Valencia EFB, vice-campeão da II Copa Pelezão.

Confira a tabela da primeira rodada




Programação varzeana

Além de poder acompanhar bons times de várzea da Lapa em campo, ir ao Parque Orlando Villas Boas é sempre um passeio muito agradável, além de um convite a prática de esportes. O local possui um campo de futebol oficial, campo de futebol society, quadra de areia, quadra poliesportiva, quadra de tênis (piso rápido e saibro), paredão de tênis, aparelhos de ginástica para a 3ª idade, pista de cooper, pista de caminhada, ciclovia e playgrounds. Além disso, o parque é cercado de jardins, gramados, bosques, vegetação aquática e diversas espécies de aves.


Campo de futebol do Parque Orlando Villas Boas

Vista aérea do Parque localizado na zona oeste de São Paulo


Serviço

I COPA PARQUE ORLANDO VILLAS BOAS
Início: 18.08.13 (os jogos ocorrerão aos sábados e domingos)
Local: Av. Embaixador Macedo Soares, 8.000 – Vila Leopoldina
(próximo a linha 8 Diamante – Estação Imperatriz Leopoldina)
Contato: ligalapadefutebolamador@hotmail.com

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

O maior torneio de várzea de São Paulo no século XX

Luiz Felipe Chaguri

Nos anos 70 a TV Record criou um torneio entre algumas equipes de várzea em SP. Conhecido como Desafio ao Galo, o evento permaneceu no ar por muitos anos.

Foto: Sarkis

Sem dúvida alguma esse torneio foi o maior evento varzeano na capital paulista durante muitos anos e foi idealizado por Nelson Arruda. Os jogos eram transmitido ao vivo às 10h da manhã aos domingos. Primeiramente as partidas aconteciam no campo do Juventus da Rua Javari e posteriormente nos campos do União dos Operários na Vila Maria e CMTC Clube.
As arquibancadas ficavam lotadas todos os domingos

A fórmula do campeonato tinha um formato único. Havia um sorteio nos intervalos dos jogos para que fosse conhecido o time desafiante do vencedor da partida anterior e assim sucessivamente.

A equipes que permaneciam invictas durante várias partidas, eram relacionadas para participarem do "Super Galo", que se iniciava nos últimos meses do ano.

O torneio tinha até presença de cheerleaders
Foto: Sarkis



O Clube Atlético Parque da Mooca foi o maior vencedor do Desafio ao Galo. O time chegou a ficar invicto por 26 jogos, marca esta que nunca foi batida por qualquer outra equipe. O Parque da Mooca foi bicampeão do Super Galo.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Campeonato varzeano da USP reúne professores, funcionários, alunos e ex-alunos

Ana Claudia Cichon

O futebol comumente une pessoas de diferentes raças, idades, religiões e classes sociais. Seja na torcida, comemorando o gol com o torcedor ao lado, seja quando completos desconhecidos entram na pelada para “completar o time”. Foi apostando nisso que o professor aposentado Luciano Castro Lima topou organizar, juntos aos grêmios e às ligas acadêmicas, a Copa Aziz Ab’Saber, um campeonato varzeano da USP.
A ideia surgiu em 2010, com o objetivo de promover a prática do esporte e reunir professores, alunos e funcionários da universidade. “Normalmente cada grupo organizava seus torneios, seus jogos, e era muito separatista. Queríamos algo que unisse todos”, explica Luciano.
Na edição deste ano, por exemplo, são doze times participantes, bem divididos: são quatro formados por ex-alunos, quatro por ligas de alunos e quatro de professores/funcionários. Estes clubes são convidados pelas ligas acadêmicas e pagam uma taxa de inscrição de R$100,00, valor repassado a um grupo da USP que realiza trabalho voluntário com crianças na favela próxima à instituição.
Domingo é tarde é dia de futebol de várzea no Cepeusp
Foto: Ana Claudia Cichon
E o campeonato não é só de brincadeira. O campeão e o vice da Copa Aziz Ab’Saber conquistam vaga para o Campeonato Paulista Amador, organizado pela Federação Paulista de Futebol.
O próximo objetivo agora é tentar contato com mais clubes e entidades para realizar torneios de diferentes categorias, como master. Para os interessados em assistir, os jogos são realizados aos domingos, sempre no Centro de Práticas Esportivas da USP (Cepeusp), localizado na Cidade Universitária, no bairro do Butantã.

Curiosidade
O nome da Copa é uma homenagem a Aziz Ab’Saber, professor de geografia da USP reconhecido nacionalmente por seus estudos e pesquisas, que morreu em 2012.