Quando
se fala em time galáctico, a primeira coisa que vem a cabeça é o Real Madrid de
Zidane, Ronaldo, Roberto Carlos, Figo e Beckham, certo? Hora de mudar seus
conceitos, pois o Galácticos que você vai conhecer agora não joga em estádio
padrão FIFA, não paga salários exorbitantes nem conta com nove Champions League
no currículo.
O Galácticos F. C. é um time da várzea de São Paulo, fundado em 27 de julho de 2011 por André Dall’ Acqua com o objetivo de reunir os amigos – igualmente apaixonados pelo terrão – “para matar a saudade da bola e dos causos do passado”, como ele próprio explica.
Nascido
e criado na Vila Madalena, André Dall’ Acqua conta que cresceu no meio do
futebol, seja de quadra, de rua ou de campo. A partir dos 12 anos, passou a
jogar religiosamente todos os sábados no gramado do Parque Villa Lobos, com
dois canos de PVC fincados de cada lado, sempre contra o mesmo time. Mas, como
tudo na vida, o que é bom dura pouco. O tempo foi passando, as crianças
crescendo e cada um seguiu para um lado da vida. André foi morar em Cotia, na
Granja Vianna, mas depois de alguns voltou a São Paulo, e o futebol voltou a
fazer parte da rotina.
“Um dia
o Daniel D2, um amigo de infância, que jogava todo sábado conosco, lá no
gramado do Villa Lobos, me chamou para jogar uma pelada com os amigos dele do
Autônomos (outro clube da várzea, que você conhecerá aqui no blog ainda essa
semana), até então desconhecidos. Fui, gostei e acabei chamando um por um todos
os amigos: da Vila Madalena, dos jogos de sábado e os da Granja Vianna”.
Rever
todos os amigos animou André para colocar um sonho em prática: formar um
time. Em abril de 2011 aconteceu a primeira pelada, e três meses depois a
fundação oficial do então Galácticos da Vila Madalena Futebol Clube, ou
simplesmente Galo.
Mas por
que Galácticos? “Isso foi coisa da minha cabeça. Eu não tinha ideia de nome.
Pensei em amigos do Edifício Andrea, Vila Madalena, ou qualquer outra coisa
relacionada. Não achei um nome no qual fossemos respeitados logo de principio.
Galácticos da Vila Madalena, foi, na verdade, uma tentativa de, ao marcar o
jogo, os adversários pensarem? ‘Galácticos? Esses caras tão se achando’. Ou
seja, uma tentativa de dar algum impacto quando o jogo fosse marcado”.
Já
mascote Galo foi ideia de um dos jogadores do time, Thiago. E a explicação é a
seguinte: “Ele fez várias ligações: por o time ser da Vila Madalena, bairro
boêmio, onde as pessoas ficam até o galo cantar; uma mistura com os jogadores
da Granja Vianna, de granja, galinha, galo; e também uma maneira de dar uma
simplificada no nome Galácticos”. Hoje, no entanto, o clube perdeu o “Vila
Madalena” do nome, pois agrega jogadores de vários lugares, e ficou apenas
Galácticos Futebol Clube.
O galo está presente no manto sagrado do time Foto: André Dall'Acqua |
Em dois
anos de existência, o time já foi campeão da Série Prata da Copa Autonomia e da
Copa Zen, em 2012, e campeão da Série Ouro da Copa Autonomia neste ano. Nos
Jogos da Cidade chegou as oitavas de final no último ano, e as quartas nesta
edição. Mas o mais marcante para André foi a estreia, a primeira Copa
Autonomia. “Vínhamos em uma campanha impecável. Primeiro do grupo, goleadas.
Pegamos o Auto nas quartas. Esse jogo foi o mais duro, psicologicamente. O Auto
estava engasgado conosco. Surgimos na pelada deles, e estávamos ganhando todas.
Na primeira fase goleamos eles por 5x2. Era o tudo ou nada deles. Saíram na
frente, e nós tivemos um expulso. Viramos de uma forma inacreditável, aos 40 do
segundo tempo. Aos 45, o empate e o balde de água fria. O jogo foi para os
pênaltis, e acho que sofri mais com o Thales [jogador do Galo] errando o
pênalti que classificou o Auto do que quando o Asprilla perdeu o pênalti na
final de 2000 contra o Boca”.
Galo levantou a taça da Copa Autonomia neste ano, para glória do fundador, capitão e apaixonado André Dall'Acqua Foto: Arquivo pessoal André Dall'Acqua |
Quem precisa de Champions League quando se tem o título da Copa Autonomia? Foto: Arquivo pessoal André Dall'Acqua |
A
diferença entre o futebol profissional e o amador? “Com a maturidade, você vai
vendo que seus ídolos se tornarem escassos. Ninguém mais joga por amor. Na
várzea a gente consegue resgatar, ou melhor, manter essa paixão. Na várzea a
gente dá o sangue, a gente se emociona, abstrai qualquer problema. Ali são 11 contra 11, independente de raça e classe social”.
Boa história, ótimo lide
ResponderExcluirSó acho ruim fazer promessas sobre textos futuros ("outro clube da várzea, que você conhecerá aqui no blog ainda essa semana"). Vai que não é publicado o texto?
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