terça-feira, 6 de agosto de 2013

Prazer, Galácticos F. C.

Ana Claudia Cichon

Quando se fala em time galáctico, a primeira coisa que vem a cabeça é o Real Madrid de Zidane, Ronaldo, Roberto Carlos, Figo e Beckham, certo? Hora de mudar seus conceitos, pois o Galácticos que você vai conhecer agora não joga em estádio padrão FIFA, não paga salários exorbitantes nem conta com nove Champions League no currículo.

O Galácticos F. C. é um time da várzea de São Paulo, fundado em 27 de julho de 2011 por André Dall’ Acqua com o objetivo de reunir os amigos – igualmente apaixonados pelo terrão – “para matar a saudade da bola e dos causos do passado”, como ele próprio explica.

Galácticos F.C.em formação
Foto: Arquivo pessoal André Dall'Acqua


Nascido e criado na Vila Madalena, André Dall’ Acqua conta que cresceu no meio do futebol, seja de quadra, de rua ou de campo. A partir dos 12 anos, passou a jogar religiosamente todos os sábados no gramado do Parque Villa Lobos, com dois canos de PVC fincados de cada lado, sempre contra o mesmo time. Mas, como tudo na vida, o que é bom dura pouco. O tempo foi passando, as crianças crescendo e cada um seguiu para um lado da vida. André foi morar em Cotia, na Granja Vianna, mas depois de alguns voltou a São Paulo, e o futebol voltou a fazer parte da rotina.
“Um dia o Daniel D2, um amigo de infância, que jogava todo sábado conosco, lá no gramado do Villa Lobos, me chamou para jogar uma pelada com os amigos dele do Autônomos (outro clube da várzea, que você conhecerá aqui no blog ainda essa semana), até então desconhecidos. Fui, gostei e acabei chamando um por um todos os amigos: da Vila Madalena, dos jogos de sábado e os da Granja Vianna”.
Rever todos os amigos animou André para colocar um sonho em prática: formar um time.  Em abril de 2011 aconteceu a primeira pelada, e três meses depois a fundação oficial do então Galácticos da Vila Madalena Futebol Clube, ou simplesmente Galo.

Mas por que Galácticos? “Isso foi coisa da minha cabeça. Eu não tinha ideia de nome. Pensei em amigos do Edifício Andrea, Vila Madalena, ou qualquer outra coisa relacionada. Não achei um nome no qual fossemos respeitados logo de principio. Galácticos da Vila Madalena, foi, na verdade, uma tentativa de, ao marcar o jogo, os adversários pensarem? ‘Galácticos? Esses caras tão se achando’. Ou seja, uma tentativa de dar algum impacto quando o jogo fosse marcado”.

Já mascote Galo foi ideia de um dos jogadores do time, Thiago. E a explicação é a seguinte: “Ele fez várias ligações: por o time ser da Vila Madalena, bairro boêmio, onde as pessoas ficam até o galo cantar; uma mistura com os jogadores da Granja Vianna, de granja, galinha, galo; e também uma maneira de dar uma simplificada no nome Galácticos”. Hoje, no entanto, o clube perdeu o “Vila Madalena” do nome, pois agrega jogadores de vários lugares, e ficou apenas Galácticos Futebol Clube.

O galo está presente no manto sagrado do time
Foto: André Dall'Acqua
Em dois anos de existência, o time já foi campeão da Série Prata da Copa Autonomia e da Copa Zen, em 2012, e campeão da Série Ouro da Copa Autonomia neste ano. Nos Jogos da Cidade chegou as oitavas de final no último ano, e as quartas nesta edição. Mas o mais marcante para André foi a estreia, a primeira Copa Autonomia. “Vínhamos em uma campanha impecável. Primeiro do grupo, goleadas. Pegamos o Auto nas quartas. Esse jogo foi o mais duro, psicologicamente. O Auto estava engasgado conosco. Surgimos na pelada deles, e estávamos ganhando todas. Na primeira fase goleamos eles por 5x2. Era o tudo ou nada deles. Saíram na frente, e nós tivemos um expulso. Viramos de uma forma inacreditável, aos 40 do segundo tempo. Aos 45, o empate e o balde de água fria. O jogo foi para os pênaltis, e acho que sofri mais com o Thales [jogador do Galo] errando o pênalti que classificou o Auto do que quando o Asprilla perdeu o pênalti na final de 2000 contra o Boca”.
Galo levantou a taça da Copa Autonomia neste ano, para glória do
fundador,  capitão e apaixonado André Dall'Acqua
Foto: Arquivo pessoal André Dall'Acqua

Quem precisa de Champions League quando se tem o título da Copa Autonomia?
Foto: Arquivo pessoal André Dall'Acqua
A diferença entre o futebol profissional e o amador? “Com a maturidade, você vai vendo que seus ídolos se tornarem escassos. Ninguém mais joga por amor. Na várzea a gente consegue resgatar, ou melhor, manter essa paixão. Na várzea a gente dá o sangue, a gente se emociona, abstrai qualquer problema. Ali são 11       contra 11, independente de raça e classe social”.

2 comentários:

  1. Só acho ruim fazer promessas sobre textos futuros ("outro clube da várzea, que você conhecerá aqui no blog ainda essa semana"). Vai que não é publicado o texto?

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