terça-feira, 3 de setembro de 2013

"Depois da várzea, mais nenhum zagueiro me intimidou", diz ex-atacante de futebol universitário

Juliana Vaz

Roba jogou futebol de várzea durante a adolescência e hoje, com 42 anos, afirma que, de lá pra cá, mais nenhum zagueiro o intimidou. Ele foi atacante de três times do ABC no final da década de 1980 e depois se dedicou por mais de dez anos ao futebol universitário. Roberto Toledo, Gerente de Esportes Terrestres do Corinthians e Diretor de Esportes da Universidade Paulista (UNIP), acredita que nos terrões aprendeu a verdadeira essência do futebol e lembra-se desses tempos com saudade.
A maioria das vezes jogávamos em campos dentro de favelas, cercados por barracos. O clima era tenso, mas jogava por prazer. Uma vez trombei com um goleiro e discutimos. Um amigo dele viu, mostrou um revólver e bateu na trave dizendo que ia me pegar. Ai eu sai do ataque e fui jogar de volante”, conta.

"Ganhava só mexerica e misto quente"

Roba disputou alguns campeonatos de futebol no ensino médio, pelo colégio Objetivo, e ganhou vários, como a Copa Itaú e a Copa Prefeitura. Em uma das finais, o auxiliar técnico do Esporte Clube Parque Municipal convidou ele e mais três jogadores para reforçarem o time de São Bernardo. “O técnico nos pegava de carro em São Paulo, mas só ganhávamos uma mexerica no intervalo das partidas e um misto quente no final”, conta rindo.

Time E.C. Parque Municipal em 1998
Roba está agachado - o terceiro, da direita para esquerda

Os campeonatos do ABC aconteciam sempre aos domingos, pela manhã. Roba jogou dos 16 aos 19 anos, mas confessa que no começo os garotos desconfiaram dele e dos amigos do colégio. “Logo no segundo jogo fiz um golaço de fora da área, então perceberam que estávamos ali pela habilidade. Passaram a nos ver com outros olhos e fizemos muitos amigos”, diz. Roba também jogou pelo Riacho Grande e Vila Pauliceia e durante os quatro anos de várzea acredita que aprendeu a verdadeira malícia do futebol. “Com certeza foi a melhor escola da bola que tive”.

Depois de deixar os terrões, se dedicou por mais de dez anos aos campeonatos universitários da UNIP e ainda joga futebol esporadicamente no clube do Corinthians.

Superstição da bola

Desde que começou a jogar futebol de várzea, Roba dá um jeito de sair na foto do time segurando a bola. “Digo que se não sair assim não ganhamos o campeonato”. No terrão essa tese não deu certo, pois nunca levantou uma taça pelos times do ABC. Mas, ainda assim, manteve a superstição e no futebol universitário comemorou diversos títulos pela UNIP, como o dos Jogos Universitários Brasileiros (JUBs) e do Campeonato Paulista de Society.


EC Riacho Grande - 1989
Roba iniciado a superstição (agachado, terceiro da esquerda para a direita)

Vila Pauliceia - 1990 e 91
Roba dando "sorte" ao time com a mão na bola

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