Ana Claudia Cichon
Quem foi ao Pacaembu neste
sábado (31) respirou um pouco do ar varzeano. Mas não, o Estádio Municipal
Paulo Machado de Carvalho não foi palco de nenhum jogo. O que aconteceu foi o Encontro Estéticas das Periferias
– Arte e Cultura nas Bordas da Metrópole, no Museu do Futebol, que contou com
exposição de camisas de vários times amadores, exibição de produções
audiovisuais com foco no futebol e também um totem multimídia com fotos sobre o
tema.
Camisas da várzea em varais no Pacaembu Foto: Ana Claudia Cichon |
Visitantes podiam visualizar fotos da várzea no totem Foto: Ana Claudia Cichon |
O evento começou às 9h30 com a sessão dos curtas. O primeiro documentário
exibido foi o Contos da Várzea, de
Diego Viñas, que retrata o terrão nas periferias como um ambiente de
aprendizado social.
Depois foi a vez do vídeo experimental Eu sou a bola desse jogo, um projeto diferente de Bruno César
Lopes, que coloca as pessoas como a bola do jogo, e vai apresentando os
problemas, crises e angústias.
A caminho da Copa, de Carolina Caffe e Florence Rodrigues, é um
documentário que retrata impacto que os megaeventos como Olimpíadas e Copa do Mundo
causam na vida da população.
Outro filme sobre o mundo do futebol foi O Muro, de Diego Florentino, que traz o drama de um menino para
recuperar sua bola, que caiu no quintal vizinho.
A sessão seguiu com mais três documentários: Fome de bola, de Issac Chueke, sobre a quarta divisão do futebol
pernambucano; Futi mídia S\A, de
Carlos Carlos, que apresenta os caminhos do jornalismo esportivo com opinião de
grandes profissionais; e A bola rolada
na beira do coração, de Akins Kintê, que mostra as histórias da várzea
paulista das periferias, com personagens marcantes.
Kintê, Carlos, Matusa e Pezão falaram sobre a várzea e a periferia Foto: Ana Claudia Cichon |
Para fechar o dia, houve um debate sobre o tema "Futebol e
Periferia, entre a alienação e a identidade cultural" com o poeta e
cineasta Akins Kintê; o jogador dos Autônomos FC Matusa; e um dos fundadores da
Cooperifa e fotógrafo de Várzea, Marco Pezão. O bate-papo foi medido pelo
diretor da Bola & Arte, Carlos Carlos.
Eles discutiram sobre o papel social da várzea, as mudanças que vem
acontecendo no futebol varzeano e a política que toma conta do esporte. Matusa
comentou que hoje a várzea dividida em duas partes: a verdadeira, “das
quebradas”, que reúne a comunidade, e de “pessoas que querem jogar futebol de
campo”.
“Hoje há muita diferença. Com o Autônomos fico feliz em poder realizar
esse intercâmbio entre times mais varzeanos e times menos varzeanos. Nós somos
sempre muito bem recebidos nas comunidades e é legal ver as pessoas colaborando
e torcendo pelos seus clubes”.
Sobre a questão política, todos concordam que o capitalismo ‘engoliu’ a
várzea. “Hoje o futebol perdeu um pouco do caráter amador. Não existem mais
amistosos, os dois quadros dos times. Virou um local político, com altos preços
para arbitragem, aluguel de campo e tudo mais”, fala Carlos.
Confira o poema de Akins Kintê sobre várzea, amores e fim de semana!
Confira o poema de Akins Kintê sobre várzea, amores e fim de semana!
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