domingo, 1 de setembro de 2013

Várzea invade o Museu do Futebol

Ana Claudia Cichon

Quem foi ao Pacaembu neste sábado (31) respirou um pouco do ar varzeano. Mas não, o Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho não foi palco de nenhum jogo. O que aconteceu foi o Encontro Estéticas das Periferias – Arte e Cultura nas Bordas da Metrópole, no Museu do Futebol, que contou com exposição de camisas de vários times amadores, exibição de produções audiovisuais com foco no futebol e também um totem multimídia com fotos sobre o tema.

Camisas da várzea em varais no Pacaembu
Foto: Ana Claudia Cichon

Visitantes podiam visualizar fotos da várzea no totem
Foto: Ana Claudia Cichon
O evento começou às 9h30 com a sessão dos curtas. O primeiro documentário exibido foi o Contos da Várzea, de Diego Viñas, que retrata o terrão nas periferias como um ambiente de aprendizado social.



Depois foi a vez do vídeo experimental Eu sou a bola desse jogo, um projeto diferente de Bruno César Lopes, que coloca as pessoas como a bola do jogo, e vai apresentando os problemas, crises e angústias.

A caminho da Copa, de Carolina Caffe e Florence Rodrigues, é um documentário que retrata impacto que os megaeventos como Olimpíadas e Copa do Mundo causam na vida da população.

Outro filme sobre o mundo do futebol foi O Muro, de Diego Florentino, que traz o drama de um menino para recuperar sua bola, que caiu no quintal vizinho.

A sessão seguiu com mais três documentários: Fome de bola, de Issac Chueke, sobre a quarta divisão do futebol pernambucano; Futi mídia S\A, de Carlos Carlos, que apresenta os caminhos do jornalismo esportivo com opinião de grandes profissionais; e A bola rolada na beira do coração, de Akins Kintê, que mostra as histórias da várzea paulista das periferias, com personagens marcantes.

Kintê, Carlos, Matusa e Pezão falaram sobre a várzea e a periferia
Foto: Ana Claudia Cichon


Para fechar o dia, houve um debate sobre o tema "Futebol e Periferia, entre a alienação e a identidade cultural" com o poeta e cineasta Akins Kintê; o jogador dos Autônomos FC Matusa; e um dos fundadores da Cooperifa e fotógrafo de Várzea, Marco Pezão. O bate-papo foi medido pelo diretor da Bola & Arte, Carlos Carlos.

Eles discutiram sobre o papel social da várzea, as mudanças que vem acontecendo no futebol varzeano e a política que toma conta do esporte. Matusa comentou que hoje a várzea dividida em duas partes: a verdadeira, “das quebradas”, que reúne a comunidade, e de “pessoas que querem jogar futebol de campo”.

“Hoje há muita diferença. Com o Autônomos fico feliz em poder realizar esse intercâmbio entre times mais varzeanos e times menos varzeanos. Nós somos sempre muito bem recebidos nas comunidades e é legal ver as pessoas colaborando e torcendo pelos seus clubes”.

Sobre a questão política, todos concordam que o capitalismo ‘engoliu’ a várzea. “Hoje o futebol perdeu um pouco do caráter amador. Não existem mais amistosos, os dois quadros dos times. Virou um local político, com altos preços para arbitragem, aluguel de campo e tudo mais”, fala Carlos. 

Confira o poema de Akins Kintê sobre várzea, amores e fim de semana!




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