Enquanto times profissionais reclamam, na várzea jogador comemora quatro partidas na semana

Juliana Vaz

Tarsio joga futebol de várzea quatro
vezes por semana

Em virtude do calendário brasileiro, muitos clubes de futebol profissional reclamam da grande quantidade de jogos e da falta de tempo para treinamento e descanso. O São Paulo, por exemplo, realizou quatro partidas em oito dias (na primeira semana setembro). Mas, na várzea, tem gente que joga quatro vezes por semana a muitos anos, sem reclamar e com muito prazer. É o caso de Tarsio Parente, que divide o tempo dele entre três times amadores, além de trabalhar na parte de compras da TAM e acompanhar o Tricolor Paulista pela televisão e no Estádio do Morumbi.

De segunda-feira Tarsio encontra os amigos do colégio no society, vestindo a camisa do “Tateno Futebol e Breja”. As terças e sábados entra em campo pelo “Rebordose Futebol e Jasco” (RFJ) e às quintas-feiras participa de um time de salão, o “Deixa Prá Lá FS”. “De quarta e domingo não jogo para acompanhar meu time do coração (São Paulo F.C.), ou no estádio ou pela televisão. E de sexta é o meu único dia sem futebol”, comenta.


Vida ligada ao futebol

Primeiro contato com o futebol
CTC Vila Ema (Tarsio está em pé, à direita) 

A paixão do meia-atacante pelo esporte começou cedo. Aos três anos, Tarsio estreou nas aulas de futebol no CTC Vila Ema e, deste então, não parou mais de correr atrás da bola. Ainda pequeno entrou nas categorias de base do Corinthians, passou pelo Juventus e chegou a ficar dois meses no Internacional, de Porto Alegre. “Não atuei no profissional por vários fatores. Na época jogava por prazer e diversão. Não tinha noção de que poderia ganhar dinheiro com o futebol. Além disso, tinham garotos melhores e, talvez, mais esforçados e necessitados, que aceitavam jogar sem estudar, por exemplo”, confessa.

Foto superior - Tarsio nas categorias de base do Corinthians (agachado, no meio)
Foto inferior - No Juventus (terceiro em pé, com a camisa 10)

Antes de sair da base dos times profissionais Tarsio já tentava conciliar seu tempo com o futebol de várzea, e jogava com os amigos da Mooca, bairro onde estudou. Atualmente gasta R$100,00 por semana para jogar quatro vezes. “Costumo dizer que entre as coisas menos importantes, o futebol é a mais importante”. Para ele, jogar no amador é poder encontrar os amigos, que se gostam independente do resultado. Mas admite que “existe a cobrança do jogo independente da intimidade fora de lá. Só que quando as coisas dão certo em campo a amizade também melhora e se fortalece”.

Jogo marcante na várzea

Tarsio já disputou alguns campeonatos pelo Rebordose Futebol e Jasco, e destaca a semifinal dos Jogos da Cidade, contra o “Madrid”, como uma das partidas mais emocionantes. O RFJ ganhou o jogo de ida por 2 a 0, mas perdeu na volta pelo mesmo resultado e acabou sendo eliminado nas disputas de pênaltis. “Foi um jogo muito emocionante. Nossa torcida tinha mais de 50 pessoas e nos apoiou muito. Depois da derrota, os jogadores choraram no vestiário e também fiquei muito emocionado e lembro deste dia com muito carinho”.

Rebordose Futebol e Jasco, time de várzea da Mooca

Futebol de Base x Futebol de Várzea

“Tanto na várzea quanto no profissional os jogadores querem vencer, então a adrenalina é a mesma. Por outro lado, a estrutura dos times é completamente diferente, passando pelo vestiário, até o gramado. Além disso, nos clubes você treina todos os dias, então cria um bom entrosamento, mas lá você joga também por um objetivo financeiro. Na várzea você joga só por amor ao esporte, ao seu time e aos seus amigos”.

Foto superior: Tateno Futebol e Breja (Tarsio é o primeiro agachado, número 9)
Foto inferior: Deixa Pra La FS (Tarsio está de pé - segundo da direita para esquerda)

* Fotos: Arquivo pessoal de Tarsio Parente